Quando a Ativore foi criada, há cerca de 8 anos atrás, uma das principais razões para focarmos em economias maduras, e mais recentemente, 100% nos Estados Unidos, era para que investidores pudessem proteger seus patrimônios contra choques de economia domésticos e investir com segurança em moeda forte.
Apesar de estarmos vivenciando uma crise sem precedentes em nossa história, acreditamos que nossa tese tem sido validada: as carteiras de private equity imobiliário de nossos clientes sofreram reduções na distribuição de alugueis, mas ainda não realizaram quaisquer perdas de capital, pelo contrário, os ganhos cambiais são consideráveis. Além disso, nenhum banco central do mundo tem demonstrado um poder de reação tão forte e consistente como o FED, do governo americano.
Como disse recentemente Neel Kashkari, presidente do FED de Minneapolis: “há uma quantidade infinita de dinheiro no Federal Reserve e faremos o que for necessário para garantir que haja dinheiro suficiente no sistema bancário .”
Até o momento, o governo americano aprovou $2,8 trilhões em seus diversos programas do pacote de resgate para a economia, o que equivale a mais de 10% do PIB americano, sendo que, quando consideradas todas as linhas de créditos e benefícios fiscais, são mais de $6 trilhões de dólares, com mais recursos ainda por vir.
Diante disso, a pergunta que diversos investidores nos têm feito e que pretendemos explorar ao longo deste artigo, é a seguinte:
Como os Estados Unidos conseguem injetar tanto dinheiro na economia e permanecer com sua moeda tão forte ao mesmo tempo?
Primeiramente, e de forma simplificada, vale explicar que, para injetar dinheiro na economia, o FED realiza a emissão de títulos públicos, as famosas “treasury bills”, investimento que é considerado o mais seguro do mundo justamente por estar lastreado na capacidade de pagamento da economia norte americana, e consequentemente, com risco de calote baixíssimo.
Como vamos ver a seguir, a demanda por dólares é tão alta globalmente, que os EUA podem emitir trilhões e mais trilhões de dólares desses títulos e, ainda assim, o mercado sempre irá absorvê-los, possibilitando uma capacidade inimaginável do governo americano de financiar seus gastos.
Para ser mais preciso, o espanhol Daniel Lacalle, Ph.D. em economia, que já trabalhou com diversos atuais membros do FED e escritor dos livros “Escape from the Central Bank Trap”, “Life In The Financial Markets” and “The Energy World Is Flat”, explicou, em uma recente publicação, que atualmente a escassez global de dólares é estimada em US$ 13 trilhões e que pode chegar até o fim de 2020 em US$ 20 trilhões. Este é o valor quando se soma toda a oferta monetária americana, inclusive as reservas bancárias em posse do FED, e dela subtraímos todos os passivos mundiais denominados em dólar, principalmente nos países emergentes.
Segundo o autor, e de forma resumida, existem diversas razões para a escassez mundial de dólares ser tão alta, dentre algumas delas:
Portanto, com a escassez global de dólares que pode chegar a US$ 20 trilhões até o fim de 2020, que possibilita que o governo americano se financie praticamente sem custo, que outra economia mundial teria poderio fiscal tão grande para combater esta crise?
Em um momento tão sensível quanto o atual, aqueles investidores, principalmente brasileiros, que possuem exposição ao mercado imobiliário americano de forma profissional e segura, possuem uma proteção adicional a seus portfólios, tanto pela robustez e descorrelação de ativos reais em relação ao mercado financeiro, fortemente prejudicado, quanto pelo fato de estarem presentes na economia mais preparada do mundo para lidar com este momento sem precedentes na história.
Como o próprio Daniel Lacalle cita em seu artigo, “Os EUA são os privilegiados – e não dá para copiar”.
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